quinta-feira, 1 de março de 2018

A abelinha sem asas


A abelhinha sem asas - Infantil



Nilza Monti Pires

Num abelheiro, a tristeza era muito grande, a rainha das abelhas ficou tão doente que a pobrezinha não resistiu e morreu.

Todas as abelhinhas dessa colmeia ficaram desesperadas, além de gostarem muito da abelha rainha, elas ficariam totalmente desamparadas, pois todas vivem em comunidade em função da rainha.

Somente a abelha rainha põe os ovos e sem a rainha a colmeia iria desaparecer totalmente.

Acontece que antes de morrer, a abelha rainha deixou milhares de ovinhos que iam nascer em breve.


- Que será de nós?! Disse uma das abelhinhas, chorando.

Outra respondeu:

- Ainda temos uma esperança nesses ovinhos que estão por nascer.

- Estou muito preocupada, se entre esses ovinhos não nascer uma abelha rainha, nossa colmeia vai se extinguir. Indagou outra, aflita.

- Essa ideia me apavora... Sempre fazemos tudo com perfeição, construímos os favos, cuidamos dos ovos, produzimos o mel...

- Pois é, vamos torcer para que nesses milhares de ovinhos nasça a nossa rainha. Concluiu uma das abelhinhas.


E assim passaram alguns dias e numa tarde quente de verão nasceram as novas abelhinhas.

Ficaram todas na maior expectativa. A rainha tinha que nascer!

Quando viram que a abelhinha rainha tinha nascido, a alegria foi geral.

- Eu não falei que a rainha ia nascer!

Mas a abelhinha rainha nem se movia, nasceu sem asas, enquanto os seus irmãozinhos já estavam voando.

Todas ficaram apreensivas. A imensa alegria demorou pouco.


No dia seguinte, todas as abelhinhas operárias que nasceram saíram tristemente voando de cá para lá, dançando, em zigue-zague, pois na linguagem das abelhas elas comunicam umas às outras dessa maneira, indicando onde se encontra o néctar das flores, matéria prima do mel, e também avisando a presença de qualquer perigo.


A abelhinha rainha estava cada vez mais fraquinha, não adiantava nem se alimentar com geleia real, estava entediada e lamentava a triste sorte de não poder voar.

As abelhas operárias e os zangões também lamentavam a triste sorte da abelha rainha e o destino cruel que reservava para toda a colmeia, caso ela viesse a perecer.

As abelhas operárias se multiplicavam em atenções, para preservar sua rainha que estava muito fraca.


Num certo dia chuvoso, surpreenderam a abelhinha rainha numa poça de água, fazendo um zumbido tão alto que as abelhas operárias correram em sua direção, para acudi-la, já que parecia estar se afogando.

- Hoje estou muito feliz, disse a abelhinha rainha.

Todas as abelhinhas não entenderam nada, mais ficaram muito satisfeitas de ver sua rainha pela primeira vez feliz.

Aí uma abelhinha disse para outra:

- Coitada da rainha, ela se sente muito humilhada por não poder voar. Mas gostamos dela assim mesmo, do que jeito que ela é.

- É verdade, eu tenho observado isto. Mas, para deixá-la um pouco mais feliz, até podemos construir uma pequena prensa no corpo dela, duas chapas de madeira perfuradas de zinco e arame de ferro galvanizado e assim ela vai poder voar com asas postiças.


Numa bela manhã, a abelha rainha avisou que subiria no alto de uma montanha.

- Mas como? Dizia uma abelhinha operária indignada. Você não tem asas!

- Vou subir numa montanha muito alta, onde passa um rio, para apreciar a paisagem. Quero ver o mundo lá de cima, como vocês veem. Respondeu a abelha rainha.

- Não faça isso... a montanha é muito alta e além disso você pode cair e se afogar no rio.

E assim a abelhinha rainha começou a subir a montanha, acompanhada por outras abelhas, que voavam à sua volta e tentavam dissuadi-la. Nada, porém, detinha a abelha rainha. O percurso era difícil, levou mais de duas horas para subir. De lá de cima se ouvia o barulho da água do rio.


Outras as abelhas, no entanto, ficaram ao pé da montanha, de olhos fixos, vendo a abelha rainha subir palmo a palmo a montanha.

- Desista! Gritavam as abelhinhas operárias e os zangões.

- Ah! eu não quero nem ver. Se ela cair de tão alto, não vai sobrar nada.

- Já temos tantos problemas!

- Por que ela não muda de ideia?

- Fraca do jeito que ela está é bem capaz de cair mesmo.

- Xiiii.... Ela caiu mesmo! Vem descendo girando que nem um parafuso!


Quando a abelhinha rainha estava quase chegando rente ao chão, perto das outras abelhinhas, com tanta precisão e exatidão abriu suas lindas asas e começou a voar.

- Vejam, a rainha está voando... Como pode?!!!

- E que belas asas! E tão fortes!

E todas foram ao encontro da abelha rainha felizes da vida.


- Como conseguiu voar, abelha rainha, e de onde saíram estas asas?

- Descobri que minhas asas estavam coladas. Naquele dia em que choveu, eu fui sentir a água da chuva e as asas descolaram. Por isso, eu estava tão feliz.

- Agora nós entendemos.

- Mas porque subiu tão alto, se arriscando para mostrar suas belas asas?

- Queria fazer uma surpresa. Queria mostrar que tenho asas e sou igual a vocês.

- Ora, você é a nossa rainha, gostamos da sua perseverança, capacidade e inteligência! Para nós, pouco importa se você tem asas ou não. Gostamos de você de qualquer maneira.

- Vamos brindar, disse a rainha, com a nossa geleia real, essa bebidinha perfeita, poderosa e muito nutritiva, que só nós sabemos fazer!

E a colmeia viveu feliz para sempre.


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